Profa. Débora Cardoso
CEDEPLAR/UFMG
27/02/2018 – Terça-feira
18:30 às 20:00
Sala: Auditório do CCSA II
RESUMO
O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo e sua estrutura produtiva tem papel preponderante na manutenção da distribuição desigual da renda. Por meio da construção de uma matriz de contabilidade social (MCS) e da aplicação de um modelo de contabilidade social, mostramos que as especificidades da estrutura produtiva brasileira contribuem para uma dinâmica de crescimento concentrador, de modo que, na ausência de mudanças estruturais ou de políticas redistributivas que atenuem esses efeitos, o padrão concentrador de renda tende a se reproduzir. A partir da MCS e de um modelo de equilíbrio geral computável apropriado para o estudo de temas relacionados à distribuição de renda, analisamos o impacto do gasto social, exemplificado pelas transferências do Programa Bolsa Família, na distribuição de renda e seus rebatimentos sobre a própria estrutura produtiva. Os resultados sugerem que o Programa Bolsa Família exerce efeitos positivos sobre a redução da desigualdade. Além de aumentar a renda das famílias que recebem as transferências, o programa gera renda para as classes que não são diretamente beneficiadas, tem efeitos sobre a desconcentração da renda do trabalho e sobre a estrutura de produção setorial, com ganhos para atividades voltadas para o mercado interno. Concluímos que políticas de transferência de renda têm potencial de impactar o desenvolvimento do país, embora seu efeito sobre crescimento seja relativamente modesto.